Ação de operárias russas em 1917 que derrubou a monarquia e originou o Dia Internacional da Mulher
Muitos atribuem o surgimento do Dia Internacional da Mulher à repressão sofrida por um grupo de 129 operárias que, em 8 de Março de 1857, em Nova Iorque, teriam provocado uma greve e sido vítimas de um incêndio criminoso dentro da fábrica têxtil em que trabalhavam. Elas reivindicavam a redução das 16 horas de trabalho diárias para 10 horas, além de melhores salários - elas recebiam menos de um terço do salário dos homens. Entretanto, estudiosos afirmam - e possuem provas documentais - que este incidente ocorreu apenas em 25 de Março de 1911. O prédio de três andares onde funcionava a fábrica era de madeira e o fogo teria se espalhado rapidamente, matando 146 pessoas, das quais 125 mulheres.
Conforme diz a jornalista e mestranda em Ciência Política da PUC-SP, Maíra Kubík Mano, "o 8 de Março foi fruto do acúmulo de mobilizações no começo do século passado". Diversas outras datas marcaram protestos e comemorações ligadas ao Dia da Mulher pelo mundo.
Um movimento significativo ocorreu nos Estados Unidos, aos 3 de maio de 1908, quando 1.500 mulheres se organizaram para reivindicar igualdade econômica e política no dia consagrado à causa das trabalhadoras. No ano seguinte, a data escolhida pelo partido socialista para uma comemoração foi a de 28 de fevereiro, que reuniu cerca de 3 mil pessoas em pleno centro da Nova Iorque, na ilha de Manhattan. Os ideais atravessaram o Atlântico e chegaram à Europa. Foi de lá que surgiu a semente da criação de um Dia Internacional da Mulher, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres, realizada em Copenhague, na Dinamarca, em 1910. Clara Zetkin, militante e intelectual alemã, foi um nome importante naquele contexto.
Incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em 25 de março de 1911,
popularmente tido como marco do Dia da Mulher
Em 8 de março de 1917 foi a vez da Rússia. Operárias realizaram uma ação política contra a fome, contra o czar Nicolau II e a participação do país na Primeira Guerra Mundial. Esse episódio desencadeou uma revolução. O líder Leon Trotsky registrou assim esse evento: “Em 23 de fevereiro (8 de março no calendário gregoriano) estavam planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a despeito das diretivas, as operárias têxteis deixaram o trabalho de várias fábricas e enviaram delegadas para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a greve foi de massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia das mulheres’ viria a inaugurar a revolução”. Tudo isso desencadeou a derrocada da monarquia no país.
Como apresenta a pesquisadora canadense Renée Coté, o dia 8 de Março foi definitivamente estabelecido em 1921. Em documentos da Conferência Internacional das Mulheres Comunistas constam referências à "camarada búlgara que propôs o Dia Internacional da Mulher, lembrando a iniciativa das mulheres russas”. Mas com as Guerras Mundiais a data permaneceu em um quase esquecimento até os anos 60, quando o movimento feminista tomou corpo, principalmente após o episódio que ficou conhecido como a "queima - ou fogueira - de sutiãs". No dia 7 de Setembro de 1968, como um ato de libertação, mulheres protestaram - durante o concurso de Miss America, nos Estados Unidos - contra o padrão estético imposto, saindo às ruas de Atlantic City levando símbolos femininos, como o sutiã.
1968, Atlantic City, mulheres tiram os sutiãs em forma de protesto ao
padrão de beleza imposto pelo concurso de Miss America
Depois de tanta história um questionamento é válido: Um século depois, o que de fato mudou? As mulheres conquistaram seus direitos? Hoje homem e mulher têm o mesmo peso diante da sociedade? O que já foi alcançado? O que falta melhorar? Algumas situações colocadas abaixo nos fazem pensar. De Amélia a Pagú, onde estão as mulheres de hoje, e quais seus ideais (o que querem)? Deixe seu comentário.
E na semana do Dia Internacional da Mulher...
"A pré-candidata do PT à Presidência da República nas eleições de outubro, Dilma Rousseff, defendeu hoje que o cargo seja ocupado por uma mulher. 'Sempre me perguntam se uma mulher está preparada para ser presidente. O Brasil está preparado para ter uma mulher presidente e as mulheres, em geral, estão preparadas para isso', afirmou. "
Jornal “O Globo” – 09/03/2010
Cai diferença de jornada entre homens e mulheres, diz IBGE
Mesmo com avanço da escolaridade, diferença de renda persiste em cerca de 30%
Jornal “Folha de São Paulo” - 09/03/2010
Conquistas das mulheres, por Nilcéa Freire*
A igualdade entre homens e mulheres é um processo em permanente construção. O movimento feminista deu visibilidade à luta contra o sexismo, questionando a inferiorização e a subordinação das mulheres. Agora, o desafio é garantir que direitos fundamentais sejam integralmente vividos e partilhados por todas. Discussões sobre o aumento da licença-maternidade (e da licença- paternidade ou parental) e a adoção de ações afirmativas de gênero estão sendo travadas e devem ser consideradas em conjunto pelos governantes e pela sociedade civil como políticas vitais para garantir condições dereprodução da vida.
[...]
Uma poderosa narrativa de desconstrução das desigualdades históricas entre homens e mulheres está se constituindo a partir da denúncia da invisibilidade do trabalho das mulheres no espaço doméstico e do questionamento da sua posição secundária na sociedade. A equidade de gênero tornou-se questão de Estado, e a formulação das políticas para sua conquista conta com ampla participação social. O princípio de igualdade entre homens e mulheres deve ser compartilhado por toda a sociedade e exige a participação de todos e todas em um permanente exercício de respeito à alteridade ede construção da cidadania.
*Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Jornal “Diário Catarinense” – 11/03/2010
"Goiânia é palco de um crime passional às vésperas do Dia Internacional da Mulher. O vigilante e instrutor de tiros, Marcos Gomes Cruz, no dia em que completava 45 anos, assassinou com um tiro abaixo da clavícula a ex-companheira, a empresária Eliana Maria Borges, 43. [...] Segundo pessoas ligadas à vitima, Marcos e Eliana mantinham um relacionamento que terminou há cerca de um mês."
Jornal “Diário da Manhã” – 08/03/2010
Pela primeira vez uma mulher ganha o Oscar de melhor direção
Kathryn Bigelow ganhou o prêmio por 'Guerra ao Terror'.
Ela concorreu com o ex-marido James Cameron, diretor de "Avatar".
G1.com.br - 08/03/10
"Ver uma mulher no topo do organograma de uma empresa no País é algo ainda raro. Pesquisa realizada pelo Insper (antigo Ibmec) em 370 companhias de vários portes mostra que elas são as presidentes ou diretoras gerais em 8% dos casos. E, quando a companhia possui um conselho de administração, as chances de uma mulher ocupar o cargo mais alto são ainda menores, observa o levantamento. Nesse universo, a taxa cai para 5%."
Jornal "O Estado de São Paulo" - 11/03/2010
(Publicado por Taynara Borges)