sexta-feira, 2 de abril de 2010

O mercado GLS no Brasil

  
 
O mercado GLS ainda é tímido no Brasil, mas vem se mostrando um mercado com excelente potencial. Há algumas décadas, os gays eram mal tratados em estabelecimentos comerciais, e sofriam um preconceito escancarado pela comunidade de maneira geral. Hoje, são vistos como um ótimo público alvo pelas empresas, por muita das vezes serem consumidores exigentes e dispostos a pagarem bem por um bom produto ou serviço.
O perfil dos membros da comunidade GLBT (que vem crescendo e já é de cerca de 20 milhões de brasileiros) é atraente para empresas por vários motivos. Muitos têm alto nível de escolaridade e poder aquisitivo e geralmente formam casais sem filhos. Além disso, por serem carentes de mercado exclusivo, podem ser considerados um público mais suscetível a fidelização caso uma empresa demonstre ser livre de preconceitos e atenta as exigências do segmento.
Apesar de ainda pequeno, o investimento das empresas nesse setor vem aumentando. O setor de Marketing das empresas brasileiras começaram a entender como esse mercado pode ser vantajoso, e começaram a agir buscando vincular suas marcas a consciência “Gay-Friendly”, que já faz parte do vocabulário de grandes empresas como a Coca-Cola, Apple e IBM. Ser “Gay-Friendly” quer dizer adotar políticas voltadas ao público gay, acrescentando, por exemplo, gays e lésbicas em qualquer tipo de propaganda da empresa, e não apenas nas campanhas voltadas aos mesmos.
O grande problema, entretanto, é justamente a falta de informação e preparação das empresas. Muitas delas não entendem que o público GLS possui diferentes nichos e particularidades, e por isso diferentes preferências. Além disso, observa-se uma falta de capacitação dos funcionários para atender esse público, que obviamente se sente ofendido quando sofre repudia ou manifestações adversas ao serem abordados nas lojas.
     O preconceito enraizado na população brasileira também é um grande empecilho. As empresas ainda têm receio de que se colocarem uma marca no mercado gay poderão perder seus clientes heterossexuais. Além disso, a sociedade criou um mito para este segmento, como se resumisse o público GLS ao bem sucedido, divertido e bem-vindos em todo lugar. Dessa maneira, o público de baixa-renda e os travestis são descartados do mercado. Esta é uma atitude claramente contraditória e errada por parte de quem quer criar uma boa imagem perante esse público.
     Resumindo, o que o público GLS quer é um tratamento normal, de qualidade, e principalmente, livre de preconceitos.


por Bruno Vieira

5 comentários:

  1. É engraçado observar que, por mais que o mercado voltado para o público gay esteja crescendo, ainda existem muitos tipos de preconceitos nas lojas que frequentamos.

    Um fato curioso: em Goiânia, algumas lojas têm praticamente como um requisito o item "ser gay" na hora de contratar um vendedor. Piadas a parte, existem certas lojas que entramos e vemos como é claro que os vendedores/vendedoras são gays, lésbicas, e mesmo assim é possível observar certo preconceito por parte deles quando um cliente gay chega na loja. O problema então ultrapassa a divisão "HT" versus "GLS", já que dentro do próprio segmento (hoje conhecido como)LGBTT o preconceito existe, e isso impede, muitas vezes, o acesso de algumas pessoas e algus grupos ao mercado tão massificado pela mídia.

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  2. Como a Bárbara 'disse', o preconceito existe até mesmo dentro do próprio segmento LGBTT. Outro ponto a se ressaltar é que o gay retratado pela mídia é o "consumidor exigente, bem informado e disposto a pagar bem por um bom produto ou serviço", ou seja, o gay rico. Isso também causa divisões dentro da sigla, em que só é bem aceito esse gay. Essa constatação nos ajuda a ver que tudo isso também acontece no 'mundo heterossexual'.

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  3. Acho bacana a postura das empresas que visam agradar o público GLBT. Realmente era necessario que algo como isso fosse efetivado, mais infelizmente ações como essas não irá acabar com o preconceito e a segragação social dentro do proprio grupo GLBT, onde poucos tem acesso ao muito e muitos não possuem acesso a nada.

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  4. Ótima abordagem sobre o tema.

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  5. Bom questionamento da Susanna. E o gay pobre? Esse sim sofre maior preconceito. Porque existe um mercado para o hétero pobre mas, quando se fala de homossexualismo, a mídia cria um glamour, uma imagem que, nem de longe condiz com a condição de todos.
    No Brasil é assim. Se você é rico, tudo bem, a sua opção é ser homossexual. Agora, se é pobre, diz-se que é viado mesmo e pronto. Eis o país em que vivemos, onde o maior preconceito é de classe mesmo e não de opção sexual.

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