domingo, 13 de junho de 2010

Ensaio Fotográfico: (des)construção

Construir um corpo com pedaços diferentes e com diferentes significados não é uma idéia nova. Desde os mitos antigos isso acontece, como os do Antigo Egito, onde os deuses são antropozoomórficos e cada forma animal possui um significado. Ou até mesmo no mito grego de Hermafrodito, filho do deus Hermes e da deusa Afrodite e que era representado como uma mulher com um pênis: macho e fêmea em um só corpo. A proposta da fotografia segue por um caminho parecido, onde corpos são construídos com partes diversas, oriundos de contextos diferentes e onde impera discursos diferentes. Cada parte do corpo construído é retirada de outro corpo pertencente a instâncias que discursam e ditam verdades, condutas e comportamentos. Essas instâncias são várias: a moda, a ciência, a religião, os quadrinhos, o cinema, a arte, a pornografia, etc.

O resultado é uma multicolagem de discursos representados nas partes, num quebra-cabeça bizarro. A intenção central é juntar num mesmo espaço bidimensional e reduzido uma série de discursos que permeiam a sociedade, que se rivalizam e são obrigados a conviverem juntos. A partir da imagem pronta, claro, os interatores poderão emitir seus julgamentos e atribuir novos significados, possivelmente até mais relevantes que esse. Desta forma, a proposta possui como técnica a apropriação de imagens e sua recontextualização, que lhes dão novos significados. São fotomontagens, remetendo às realizadas por Hannah Hoch e Raoul Hausmann no movimento Dadá e que possuiu inúmeros praticantes nas artes visuais pelo século XX e atualmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário