sábado, 26 de junho de 2010

O último apaga a luz!

‘No escurinho do ‘cinema’ 
Chupando ‘drops’ e ‘anis’ 
Longe de qualquer problema 
Perto de um final feliz.’
(adaptando Rita Lee)

    A fresta ilumina o interior da caverna e reflete sombras/elementos/fragmentos do mundo externo. Em certa medida, imaginar o dark room nos remete ao Mito da Caverna de Platão. Um lugar sem leis, sem regras, sem julgamentos, distante da nossa normatizada realidade. E se desacorrentarmos os seres humanos, mantê-los ali e percebermos a socialização? Homens bárbaros com conhecimento limitado pelas paredes e sombras, brutos, verdadeiros animais em busca de prazer carnal. Chega a assustar.
    A pesquisa de campo trazida por Maria Elvira nos revela outra faceta desse cenário. Sim, existem regras de gesto e linguagem. Sim, há comunicação no silêncio. Sim, o dark room constitui um ritual. Um ritual atinge um grau de organização. Mais ainda, o dark room reflete por vezes rituais de conquista comuns do “ambiente externo”: os belos são cobiçados, enquanto os feios e excluídos apostam suas chances no escuro.
    O desejo do olhar é transferido para o toque, e as sensações penetram pela pele e “neurificam” em prazer. @s bich@s-papões saem do escuro e isolado mundo de debaixo de camas ou dentro de armários, e vão interagir em outros ambientes na escuridão, elemento que já se habituaram. Homens que a seu modo buscam o prazer em outros locais, fora do santuário do quarto. Para entender o dark room só mesmo tentando enxergar como eles: apagando as luzes e abrindo os olhos.


Bruno Vieira
Nathália Carneiro
Paulenio Albuquerque

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